Editorial (Etc...nº6)
por Maria José Ascensão (Directora do Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas)
Este é último número do ETC do ano lectivo 2008/2009. Quisemos terminar com o enfoque na Ciência. Esta área do conhecimento foi, aliás, particularmente significativa nas actividades desenvolvidas ao longo do ano. Dotada de renovadas e adequadas condições, a escola sede ganhou novo fôlego para o ensino das ciências. Mas também no 1º ciclo do ensino básico se procurou desenvolver mais a dimensão experimental pelo que foram muitas e apelativas as actividades realizadas no laboratório da EB1/JI da Torrinha.
A ciência e a tecnologia são hoje dois pilares fundamentais nas sociedades. É, por isso, importante desenvolver desde cedo atitudes adequadas à participação activa e responsável dos cidadãos na tomada de decisão em matéria de ciência e tecnologia.
A educação para a ciência na infância e o ensino da ciência com as crianças numa óptica experimental são, cada vez mais, relevantes no despertar da curiosidade científica e no espírito investigativo.
Muito se tem falado em literacia científica, no carácter experimental a imprimir às actividades curriculares e à melhoria da qualidade da Educação em Ciência. A promoção da prática experimental “Hands-on Science”(1) nas escolas está muito em voga e perfeitamente ao nosso alcance. Este 'meter a mão na massa' é fundamental para a compreensão dos procedimentos da ciência e para o desenvolvimento de atitudes e competências científicas com vista à aquisição do conhecimento. É essencial despertar nos alunos o gosto pela ciência e dar-lhes oportunidade de aprender algo que considerem interessante. Foi o que aconteceu na Semana das Ciências. Todos os alunos do agrupamento participaram nas diversas actividades e foi particularmente agradável registar o entusiasmo e a curiosidade dos mais pequenos, que só a custo iam dando lugar a outros. Creio que este é o caminho certo para que queiram continuar a estudar ciência.
Uma Escola viva e dinâmica não pára. Tem de continuar a inovar. As actividades foram muitas e diversificadas, mas sempre de grande qualidade. Há que continuar, mas procurando uma maior coordenação e, sobretudo, gerindo melhor a calendarização de modo a potenciar ao máximo cada uma delas.
Este foi um ano de mudança a muitos níveis. Gostaria de destacar um aspecto que considero capital: o sentido de pertença ao agrupamento. Em poucos meses, creio que foram dados grandes passos na construção da nossa identidade, na partilha de experiências, no sentimento de que fazemos parte de um colectivo que deve ser pensado e vivido como um todo. Como afirmei na minha intervenção aquando da inauguração do pavilhão gimnodesportivo, temos de aprender a partilhar, aprender a viver juntos. Claro que há um longo caminho a percorrer, mas acredito na virtualidade do agrupamento. Assegurar o percurso educativo de uma criança desde a educação pré-escolar até ao 12º ano é um enorme desafio. Para haver sucesso, tem de haver articulação entre os diferentes ciclos de ensino e trabalho colaborativo das equipas pedagógicas. Esta mudança já começou e vai continuar. É certo que uns aderem mais facilmente do que outros, mas estou convicta de que vai dar bons frutos.
A imagem do nosso agrupamento tem vindo a projectar-se cada vez mais e temos vindo a conquistar uma centralidade perdida no panorama educativo da cidade e do país, alicerçada nas nossas boas práticas. É muito gratificante registar a crescente procura do nosso agrupamento por alunos e encarregados de educação que acreditam no nosso projecto, mas é também, frustrante dizer-lhes que já não os podemos aceitar. Creio que devemos estar todos satisfeitos, mas conscientes da responsabilidade e da dificuldade de não nos desviarmos dos nossos objectivos. Saibamos preservar o que já temos. É difícil construir, mas é muito fácil destruir a imagem que tanto nos esforçamos para edificar.
Ao terminar este primeiro ano lectivo do Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas, é tempo de balanço, de apontar pontos fortes e fracos para potenciar os primeiros e corrigir os segundos. É fundamental promover uma cultura de autoavaliação e de divulgação de boas práticas para avançarmos com confiança e sustentabilidade. É verdade que se espera cada vez mais de todos, alunos, professores, pessoal não docente, pais e parceiros da comunidade. Foi um ano exigente e o próximo sê-lo-á porventura ainda mais. Agradeço o empenho de todos e confio que se sentem estimulados e disponíveis para os novos desafios.
Por falar em desafios, o ETC precisa de alargar e diversificar a sua bolsa de colaboradores. Ficamos à espera de novos contributos, de novas ideias… e de novos patrocínios, claro!
Os exames estão à porta. Formulo votos de muito sucesso para todos.
Desejo a toda a comunidade umas merecidas férias.
(1)O objectivo da rede “Hands-on Science” (www.hsci.info; www.hsci-pt.com) é a promoção da qualidade da Educação em Ciência e Tecnologia e da Literacia Científica nas nossas sociedades, defendendo, para tal, a generalização da realização de experiências na sala de aula, pelos próprios alunos, como actividade central no processo de ensino/aprendizagem das Ciências, fazendo, em práticas formais, não formais ou informais, a prática experimental investigativa hands-on, parte do dia-a-dia e do espírito das nossas Escolas.
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