Editorial Etc nº7
por Maria José Ascensão (Directora do Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas)
Abrimos 2010 com uma nova edição do ETC. Esta é uma edição especial, pois nela convergem diversas comemorações. Efectivamente, este número é publicado no dia dedicado ao nosso Patrono, Rodrigues de Freitas, uma eminente voz da República, no momento em que iniciamos as comemorações do centenário da sua implantação.
É igualmente especial porque assinala o segundo aniversário do nosso jornal. Também neste ponto a associação ao nosso patrono é particularmente significativa já que, além de um destacado republicano (note-se que foi o primeiro deputado republicano eleito nessa condição para o parlamento português, entre 1870 e 1874, reeleito em 1879 e em 1886), Rodrigues de Freitas foi escritor e jornalista, tendo-se iniciado nesta actividade ainda na adolescência. Enquanto jornalista, fez parte das redacções dos jornais Eco Popular e Pedro V, colaborou em O Comércio do Porto e foi correspondente dos jornais Correspondência de Portugal, Jornal do Comércio e O Século. Esta actividade veio, aliás, a ser uma das armas de protesto que utilizou na luta pelos seus ideais. Partidário do positivismo, repudiava o uso da força, preterindo-a à força da palavra, seja escrita em jornais e livros sobre os mais diversos assuntos, seja proferida calorosa e convictamente da tribuna parlamentar ou de um comício político. Rodrigues de Freitas soube equilibrar genialmente o vigor e a determinação na defesa das causas em que acreditava com a afabilidade do trato que lhe granjeou a afectuosa designação de Freitinhas.
Pugnou pela probidade dos procedimentos eleitorais e políticos, pela transparência da Administração, pela descentralização e pelas liberdades (sem esquecer a de imprensa); debateu as grandes questões nacionais atribuindo à educação um enfoque central, considerando "importantíssimo tudo que respeita à instrução pública", professando o desejo de, pela escola, transformar a sociedade, tornando-a mais igualitária.
Crítico do sistema educativo da época, que encarava como um desperdício de faculdades, Rodrigues de Freitas denunciou os processos de ensino, a falta de preparação pedagógica e as deficientes condições de trabalho que tornavam tristes os alunos e infelizes os docentes. Considerava fundamental para o sucesso que as crianças gostassem da escola e encarava a brincadeira como elemento de formação, a par dos museus, das bibliotecas e livrarias, dos concertos, das representações teatrais que via como instituições fundamentais da educação permanente.
Foi memorável o seu discurso parlamentar de 1879 sobre a instrução pública, no qual lúcida e eloquentemente defendeu a necessidade de uma escola de massas contra o ensino restrito e elitista, a criação de jardins de infância, a reorganização do ensino primário, a educação feminina e a formação pedagógica dos professores, a gradual responsabilização do Estado nos vários níveis de ensino a par da renovação das condições das construções escolares como elemento estruturante do desenvolvimento do país.
O seu pensamento democrático sobre educação facilmente contagiou e dominou os meios republicanos, sendo apelidado de utópico pelos seus opositores conservadores devido ao progressismo das suas propostas. A actualidade do seu pensamento é impressionante.
Neste momento particular impõe-se a evocação de José Joaquim Rodrigues de Freitas (24/1/1840 - -28/7/1896) e a sentida homenagem de todos nós, pelo exemplo que constitui para as novas gerações o seu testemunho de coragem, de trabalho, de altruísmo, de coerência e tenacidade, a visão pragmática e o espírito de missão com que se dedicou à causa pública e que lhe valeu a consideração e o respeito dos seus contemporâneos.
Com orgulho no legado do nosso patrono, comemoremos o centenário da implantação da República cujos valores, LIBERDADE, FRATERNIDADE e IGUALDADE, serão certamente uma inspiração para todos. Será o tempo para homenagear aqueles que se entregaram à causa da República e reflectir colectivamente sobre a identidade nacional, mobilizando os mais novos para a participação cívica. O nosso jornal procurará fazer eco dessas iniciativas e assumir-se como um espaço de debate e reflexão, na linha que nos vem caracterizando.
Nestes dois anos de vida, o ETC tem sido um espelho das actividades desenvolvidas, acompanhando a vida da nossa comunidade escolar, e um ponto de encontro de ideias, de projectos, de informação, de sentimentos, de emoções, de criatividade e de sentido de humor. Neste tempo, o ETC cresceu, mudou de visual, alargou os seus horizontes e diversificou os seus colaboradores. Superámos etapas e vencemos desafios. Não foi decerto um caminho fácil, mas crescer dói.
O ETC está de parabéns pelo seu segundo aniversário mas também, porque, apesar da sua curta existência, foi já premiado no Concurso Nacional de Jornais Escolares "Público na Escola". O júri constituído por Teresa Calçada, coordenadora do Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares do Ministério da Educação; Amilton Moreira, João Nuno Torres e Rosário Oliveira, da Ciência Viva; Pedro Marques, do Museu Nacional da Imprensa; Felisbela Lopes e Luís António Santos, professores da Universidade do Minho; Maria José Brites, investigadora na área dos estudos dos jovens e dos media; e Eduardo Jorge Madureira, director pedagógico do PÚBLICO na Escola, atribuiu ao ETC a Menção Honrosa no 1.º escalão do Prémio para jornais de agrupamentos de escolas ou de estabelecimentos dos ciclos iniciais do ensino básico e dos jardins-de-infância e a Menção Honrosa para melhor capa ex aequo no Prémio de design.
Orgulhosamente insatisfeitos (parafraseando o professor Eduardo Miguel), continuaremos a dar todo o empenho e esforço no sentido da melhoria da qualidade do nosso trabalho, que se pretende seja o mais participado e representativo possível do nosso agrupamento de escolas. Estes prémios não sendo um objectivo em si, serão certamente um estímulo.
Bom Ano 2010 para todos!
Abrimos 2010 com uma nova edição do ETC. Esta é uma edição especial, pois nela convergem diversas comemorações. Efectivamente, este número é publicado no dia dedicado ao nosso Patrono, Rodrigues de Freitas, uma eminente voz da República, no momento em que iniciamos as comemorações do centenário da sua implantação.
É igualmente especial porque assinala o segundo aniversário do nosso jornal. Também neste ponto a associação ao nosso patrono é particularmente significativa já que, além de um destacado republicano (note-se que foi o primeiro deputado republicano eleito nessa condição para o parlamento português, entre 1870 e 1874, reeleito em 1879 e em 1886), Rodrigues de Freitas foi escritor e jornalista, tendo-se iniciado nesta actividade ainda na adolescência. Enquanto jornalista, fez parte das redacções dos jornais Eco Popular e Pedro V, colaborou em O Comércio do Porto e foi correspondente dos jornais Correspondência de Portugal, Jornal do Comércio e O Século. Esta actividade veio, aliás, a ser uma das armas de protesto que utilizou na luta pelos seus ideais. Partidário do positivismo, repudiava o uso da força, preterindo-a à força da palavra, seja escrita em jornais e livros sobre os mais diversos assuntos, seja proferida calorosa e convictamente da tribuna parlamentar ou de um comício político. Rodrigues de Freitas soube equilibrar genialmente o vigor e a determinação na defesa das causas em que acreditava com a afabilidade do trato que lhe granjeou a afectuosa designação de Freitinhas.
Pugnou pela probidade dos procedimentos eleitorais e políticos, pela transparência da Administração, pela descentralização e pelas liberdades (sem esquecer a de imprensa); debateu as grandes questões nacionais atribuindo à educação um enfoque central, considerando "importantíssimo tudo que respeita à instrução pública", professando o desejo de, pela escola, transformar a sociedade, tornando-a mais igualitária.
Crítico do sistema educativo da época, que encarava como um desperdício de faculdades, Rodrigues de Freitas denunciou os processos de ensino, a falta de preparação pedagógica e as deficientes condições de trabalho que tornavam tristes os alunos e infelizes os docentes. Considerava fundamental para o sucesso que as crianças gostassem da escola e encarava a brincadeira como elemento de formação, a par dos museus, das bibliotecas e livrarias, dos concertos, das representações teatrais que via como instituições fundamentais da educação permanente.
Foi memorável o seu discurso parlamentar de 1879 sobre a instrução pública, no qual lúcida e eloquentemente defendeu a necessidade de uma escola de massas contra o ensino restrito e elitista, a criação de jardins de infância, a reorganização do ensino primário, a educação feminina e a formação pedagógica dos professores, a gradual responsabilização do Estado nos vários níveis de ensino a par da renovação das condições das construções escolares como elemento estruturante do desenvolvimento do país.
O seu pensamento democrático sobre educação facilmente contagiou e dominou os meios republicanos, sendo apelidado de utópico pelos seus opositores conservadores devido ao progressismo das suas propostas. A actualidade do seu pensamento é impressionante.
Neste momento particular impõe-se a evocação de José Joaquim Rodrigues de Freitas (24/1/1840 - -28/7/1896) e a sentida homenagem de todos nós, pelo exemplo que constitui para as novas gerações o seu testemunho de coragem, de trabalho, de altruísmo, de coerência e tenacidade, a visão pragmática e o espírito de missão com que se dedicou à causa pública e que lhe valeu a consideração e o respeito dos seus contemporâneos.
Com orgulho no legado do nosso patrono, comemoremos o centenário da implantação da República cujos valores, LIBERDADE, FRATERNIDADE e IGUALDADE, serão certamente uma inspiração para todos. Será o tempo para homenagear aqueles que se entregaram à causa da República e reflectir colectivamente sobre a identidade nacional, mobilizando os mais novos para a participação cívica. O nosso jornal procurará fazer eco dessas iniciativas e assumir-se como um espaço de debate e reflexão, na linha que nos vem caracterizando.
Nestes dois anos de vida, o ETC tem sido um espelho das actividades desenvolvidas, acompanhando a vida da nossa comunidade escolar, e um ponto de encontro de ideias, de projectos, de informação, de sentimentos, de emoções, de criatividade e de sentido de humor. Neste tempo, o ETC cresceu, mudou de visual, alargou os seus horizontes e diversificou os seus colaboradores. Superámos etapas e vencemos desafios. Não foi decerto um caminho fácil, mas crescer dói.
O ETC está de parabéns pelo seu segundo aniversário mas também, porque, apesar da sua curta existência, foi já premiado no Concurso Nacional de Jornais Escolares "Público na Escola". O júri constituído por Teresa Calçada, coordenadora do Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares do Ministério da Educação; Amilton Moreira, João Nuno Torres e Rosário Oliveira, da Ciência Viva; Pedro Marques, do Museu Nacional da Imprensa; Felisbela Lopes e Luís António Santos, professores da Universidade do Minho; Maria José Brites, investigadora na área dos estudos dos jovens e dos media; e Eduardo Jorge Madureira, director pedagógico do PÚBLICO na Escola, atribuiu ao ETC a Menção Honrosa no 1.º escalão do Prémio para jornais de agrupamentos de escolas ou de estabelecimentos dos ciclos iniciais do ensino básico e dos jardins-de-infância e a Menção Honrosa para melhor capa ex aequo no Prémio de design.
Orgulhosamente insatisfeitos (parafraseando o professor Eduardo Miguel), continuaremos a dar todo o empenho e esforço no sentido da melhoria da qualidade do nosso trabalho, que se pretende seja o mais participado e representativo possível do nosso agrupamento de escolas. Estes prémios não sendo um objectivo em si, serão certamente um estímulo.
Bom Ano 2010 para todos!
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