Catástrofe

por Maria João (aluna do 8ºB)

Olho à minha volta. Estou deitada na cama azul e verde do meu irmão mais velho, Nick. As paredes cobertas de tinta azul-turquesa lembram-me o céu azul que havia visto há uns dias atrás. Estava tão bonito! Esse azul alegre embala-me... Começo a pensar no dia de hoje... Relembro o encontro com os meus amigos, em especial o meu namorado, o Eric... Ele é fantástico! Namoramos há já dois meses e ainda não tivemos uma discussão... Quer dizer, além da confusão com os bilhetes do cinema, nunca discutimos... A minha melhor amiga, Sue, é a maior! Nunca conheci alguém tão prestável, carinhoso e confiável como ela. No outro dia o 'Bigfoot' estava a tentar ''gamar-me'' o dinheiro do almoço quando apareceu a Sue e, virando-se para ele com cara de má, disse:
- O que pensas que estás a fazer? Não vês que ela precisa do dinheiro, seu idiota??
Foi espectacular da parte dela ter-me defendido e, ainda por cima, diante do 'Bigfoot', apesar de não lhe ter valido de nada, pois ele não achou lá muita piada ao facto de a Sue lhe ter chamado idiota e ameaçou-a com o punho cerrado e desatamos a correr dali para fora...
E, durante estas lembranças, começo a fechar os olhos... Lentamente... Cada vez mais... E, de repente ouço um grande BUM vindo de lá de baixo. Pareceu-me vir da cozinha mas esse BUM subia as escadas e estava agora a deitar a casa toda abaixo! O Nick subiu as escadas rapidamente para me avisar que a cidade estava a ruir. Fomos para fora o mais depressa que conseguimos e, quando me dei conta, as ruas estavam encharcadas, as casas a cair, as pessoas a fugir para locais pouco mais seguros, as pedras a cair pelas ruas a baixo, o vento cada vez mais forte... A minha mãe estava a tentar agarrar-se ao meu pai, que por sua vez tentava manter-se seguro à única coluna que se mantinha de pé até ao momento. Quando reparei, o Nick já não estava comigo. Olho para trás. A porta está fechada e ele bate nela com força a tentar sair. Grita: - Keisha!! Ajuda-me!! Ficou lá dentro fechado! Eu fazia os possíveis para conseguir chegar até à porta e ajudá-lo a sair mas quando levanto um pé, com esperanças de conseguir alcançá-la, uma rajada de vento leva-me consigo. O vento abraça o meu corpo com toda a força, as pedras enrolam-se à minha volta e as águas apoderam-se totalmente de mim, encharcando-me por completo... Sinto-me cada vez mais pesada e tenho a estranha sensação de estar a baixar de altitude, lentamente... E fecho os olhos... Deixo-me levar pela corrente...
Quando parece tudo ter acabado - as saídas, os namoros, a minha família, a minha felicidade, a vida acordo de repente deitada no meio do chão, ainda meia atordoada... Olho à minha volta: As casas estão em ruínas, as ruas estão encharcadas, vazias, mortas... E o mais espantoso, a coluna onde o meu pai se segurava, está de pé. Levanto-me devagar. Reparo que fiz um golpe na perna... Parece profundo mas não analisei bem... Não gosto muito de sangue e tento não olhar... Enquanto me dirijo para a coluna, só consigo pensar onde estará a minha família... Peço por tudo que o meu Nick esteja bem... E a Sue? E o meu Eric? Os meus pais onde estão??? Oh meu Deus por favor que eles estejam bem!!
Quando estou quase a alcançar a coluna branca suja e roída caio no meio do chão...
A coluna cai também... Fecho os olhos... É o fim...

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