O Etc... nas cerimónias de abertura das comemorações do Centenário da República Portuguesa




Texto: Hélder Marques.
Fotografia: Nuno Almeida e Hélder Marques (alunos do 11ºF)


Às 10 horas do dia 31 de Janeiro de 2010, no Cemitério do Prado do Repouso, foram homenageados todos os republicanos que perderam a sua vida na Revolta de 31 de Janeiro de 1891.
Todos aqueles a quem podemos chamar de corajosos lutadores que perderam a sua vida em nome da mais tarde proclamada República!
Presenciamos o hino nacional cantado pelos alunos do 2º ciclo do Colégio dos Órfãos, enquanto era hasteada a bandeira nacional por Joaquim Couto, Artur Santos Silva e Isabel Santos e deposta uma coroa de flores junto ao monumento evocativo da revolta do Porto.
Esta comemoração foi concluída após o disparo de alguns flashes, de alguma conversa e da visível emoção dos mais novos e dos mais graúdos.
A cerimónia oficial da abertura das comemorações do Centenário da República Portuguesa estava destinada a realizar-se pelas 11h40, com lugar na Avenida dos Aliados.

Debaixo de chuva, junto aos Paços do Concelho, a bandeira foi novamente hasteada ao som da “Portuguesa” interpretada pela banda da Guarda Nacional Republicana e entoada por um grupo de crianças do coro “MIMA” pertencentes ao Inter-escolas de Música da Região Centro, prestando guarda de honra ao nosso Presidente da República, Cavaco Silva e Primeiro-Ministro, José Sócrates. O hino nacional era cantado com dignidade e orgulho por todos os portuenses existentes na cerimónia, seguida, de intervenções pelas duas mais altas figuras do Estado português (entre outros) no centro da cidade do Porto, onde também para finalizar as celebrações matinais, pudemos assistir ao desfile realizado por Militares dos três ramos das Forças Armadas.
O sol estava posto sobre a Cordoaria, quando pelas 15h00 se deu a escalada da Torre dos Clérigos, por elementos do Parkour Portugal. As ruas estavam repletas de população que concentravam a sua atenção e aplaudiam por fim a memorável escalada. Os escaladores cobriram a torre com grandiosos panos nos quais estavam inscritas palavras relacionadas com o espírito republicano: “liberdade”, “democracia”, “igualdade” e “cidadania”.
Em frente à Cadeia da Relação, o cenário era de grande festa e divertimento. Conseguia-se sentir o êxtase e o ânimo no ar, o espaço era ocupado por um palco aberto onde era oferecido um concerto musical pela Banda das Forças Armadas, o Jardim da Cordoaria era também animado com uma “Arruada à Portuguesa”, com a presença de cabeçudos e “zés-pereira”.
O povo portuense ansiava a chegada das personalidades, por isso, colocaram-se junto à passadeira vermelha que abria caminho à entrada na Cadeia da Relação. A passadeira era também ladeada pelos repórteres da imprensa e por grupos folclóricos, com intenção de receber o Presidente da República, Cavaco Silva e as restantes personalidades que chegavam cumprimentando aqueles que se atravessavam à sua frente, com o objectivo de pedir autógrafos ou “roubar” dois beijinhos.
Enquanto isso, as personalidades convidadas dirigiam-se à entrada da Cadeia da Relação pois era lá que se procedia à Inauguração pelo Presidente da República da exposição “Resistência da alternativa republicana à luta contra a Ditadura” (1891-1974) que estava organizada por 9 núcleos:
Núcleo 1: Sant'Ana - A caminho da República 1891/1909 (Finais do séc. XIX, crescente influência e consolidação do republicanismo no contexto político, cultural e social do país, a primeira tentativa de implantação da República ocorreu no porto, em 31 de Janeiro de 1981.)
Núcleo 2: Pátio - O 5 de Outubro de 1910 (séc. XX, foram sendo criadas as condições para a preparação de uma nova revolta republicana. O congresso do Partido Republicano, após duas tentativas falhadas em Julho e Agosto de 1910, a revolução foi desencadeada com sucesso em 4 de Outubro, foi proclamada a República no dia 5.)
Núcleo 3: Senhor de Matosinhos - Implantar e defender a República 1910/18 (Os primeiros anos da República, marcados pela tentativa de respostas de progresso da sociedade portuguesa, do bem estar social e da protecção à infância.)
Núcleo 4: Santo António - Restauração e fim da 1ª República 1919/26 (O fim da I Guerra Mundial trouxe importantes transformações “Nova República Velha”.)
Núcleo 5: Santa Teresa - A ditadura e o Reviralho 1927/21 (O golpe militar de 28 de Maio de 1926 impôs a Ditadura, fim a 1ª República.)
Núcleo 6: Átrio das Colunas - Ditadura para durar 1932/34 (Em 1932, Salazar assumiu a presidência do Ministério, em 1933 institucionalizou-se o Estado Novo.)
Núcleo 7: Sala das Colunas - Resistir 1934/58 (A ditadura estava consolidada, a oposição organizava-se clandestinamente no interior do país.)
Núcleo 8: Átrio do Tribunal - O Furacão Delgado 1958/61 (O contexto da Guerra Fria favoreceu Portugal na inclusão de Portugal nas grandes organizações ocidentais.)
Núcleo 9: Sala do Tribunal - Da guerra colonial ao 25 de Abril de 1974 1962/74 (Em 1961 eclodiu a Guerra Colonial, iniciando-se em Angola e depois estendendo-se à Guiné (1963) e a Moçambique (1964) transformando completamente o país. A substituição de Oliveira Salazar por Marcelo Caetano (1968). A falta de solução política para a guerra não deixaria saída para a ditadura. Militares e armas voltam à arena politica: eles vão por fim à ditadura.
Após a inauguração da “Resistência” para terminar o dia Oficial das Comemorações do Centenário da República, Casa da Música presenteou-nos com um concerto também com a presença de Cavaco Silva que ouviu a Orquestra Nacional do Porto, sob a direcção musical de Martin André que interpretará a Abertura de “Rienzi”, Wagner, “Antero de Quental”, poema sinfónico de Luís de Freitas Branco e ainda “Ensaio nº 1 para a Orquestra”, de Samuel Barber e a “Suite” (1911) de “O Pássaro de Fogo”, de Igor Stravinsky.
Este concerto fechou com a chave de ouro as comemorações arrastando todos para uma emoção sincera da memória que ficará para sempre connosco, daqueles que há cem anos deram a vida em nome de ideais que muitas vezes desprezamos.

Mais fotografias em: (clique sobre a imagem)
Abertura oficial do Centenário da República. Av. Aliados, Porto (fotos de Helder e Nuno)

Homenagem aos revoltosos do 31 de Janeiro (1891) Prado do Repouso, Porto (fotos de Helder e Nuno)

Inauguração da Exposição "Resistência". Cadeia da Relação, Porto (fotos de Helder e Nuno)

Rostos da República. Praça da Cordoaria; Porto (fotos de Helder e Nuno)


By Hélder Marques ( student of Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas, 11thgrade, Class F)
Translation by Mercedes Cout
o

At 10 a.m., on the 31st January, at Prado do Repouso Cemetery, were honored all the brave Republicans who lost their lives in the Rebellion of the 31st January, 1891 on behalf of the Republic proclaimed later.
We heard the national anthem sung by the students of the 2nd round? of the College of Orphans, while the national flag was hoisted by Joaquim Couto, Artur Santos Silva e Isabel Santos and a beautiful wreath was deposed at the memorial monument of the Revolt in Oporto.
This celebration ended after some flashes were fired, some conversation and the visible emotion of youngsters and adults.
The official ceremony of the Celebrations of the Portuguese Republic would start by 11.40 a.m. in Avenida dos Aliados.
Under the rain, next to the City Hall, the national flag was again hoisted to the sound of the Portuguese, performed by the Band of the National Guard and sung by a group of children choir “MIMA”, belonging to the inter-school Musical Central Region, which provided guard of honour to the President of the Republic, Cavaco Silva.
The national anthem was sung with dignity and pride by all the citizens of Oporto in the ceremony held in Oporto’s city centre, in the presence of the highest figures of the Portuguese State.
Followed by interventions of the President of the National Commission for the Centennial of the Republic, Artur Santos Silva, the Prime Minister, José Sócrates and the President of the Republic, Cavaco Silva.
Ending the morning celebrations, we watched the Military Parade by the three branches of the Armed Forces.
With the sun shining on Cordoaria, at 3 p.m., the Tower of Clerigos was climbed by elements of the Parkour of Portugal. The streets were crowded with people attentively observing and applauding the remarkable climb. In the end, the authors of this feat, topped the Tower with large cloths where we could read words related with the republican spirit: “freedom”, “democracy”, “equality” and “ citizenship”.
In front of the Cadeia da Relação, the setting was of great feast and amusement. We could really feel the mood in the air! The space was occupied by an open stage where we were offered a music concert by the Band of the Armed Forces. Just opposite, the Garden of Cordoaria was also animated by a “Arruada à Portuguesa” with “cabeçudos” and “ zés-pereiras”.
The people waited anxiously for the arrival of the personalities and so, were placed beside the red carpet which opened the way to the entrance of Cadeia da Relação. The carpet was also flanked by reporters from the press and folk groups awaiting the arrival of President Cavaco Silva and the other personalities who came and greeted those who crossed their way, trying to ask for autographs or “steal” a kiss or two.
Meanwhile, the personalities invited, headed for Cadeia da Relação, for, it was there that the president proceeded to the inauguration of the “ Republican Resistance alternative to the struggle against Dictatorship” ( 1891-1974).
Afterwards, to close the day of the official commemoration of the Centennial of the Republic, the House of Music presented us with a concert, “ The Year 1910”, also attended by Cavaco Silva. The Oporto National Orchestra, under the musical direction of Martin André, played for all. Among the works interpreted, we heard Wagner’s “Rienzi” Overture, “Antero de Quental”, a symphonic poem by Luis de Freitas Branco, “Test n.1 for Orchestra”, by Samuel Barber and the “Suite”(1911) from Igor Stravinsky’s “ Firebird”. This concert closed the commemorations with a golden key by dragging everybody to a true and unforgettable memory of those who, a hundred years ago, gave their lives for ideals we so often despise.
Box Exposure:
The first group, “Towards the Republic”, talks about the period starting with the Revolt of Oporto, 1891, highlighting the growing influence of the Republicanism until 1909. The second one, refers to the Congress of the Republican Party and the outbreak of the revolution that led to the proclamation of the Republic on the 5th October, 1910.
“Establish and defend the Republic”(1910-1918) is the third theme, which shows the first years of the new regime, marked by attempts to achieve the progress of the Portuguese society.
The end of World War I, the Restoration and the end of the 1st Republic (1919-1926) is the subject of the fourth nucleus while the following, “ Ditadura e Reviralho”, deals with the resistance in the years that followed the military coup of the 28th may, 1926, which imposed the Dictatorship and ended the 1st Republic.
“Dictatorship to last” (1932-1934) is the title of the sixth nucleus, about the period when Salazar took over the chairmanship of the Ministry and the institutionalization of the “Estado Novo”.
“Resist” (1934-1958) is the seventh theme: consolidation of the dictatorship, the opposition being organized clandestinely inside the country. In 1958 occurred “The Hurricane Delgado”, spoken about in the following group and the exposure ends with the period between 1962-1974-“ The Colonial War to April,25,1974”.
In 1961, the Colonial War broke out in Angola and then extended to Guinea (1963) and Mozambique (1964) and transformed the country. In 1968, Marcelo Caetano replaced Oliveira Salazar but, the lack of political solution to the war, wouldn’t leave a way out to the dictatorship.
Unarmed soldiers ended the Dictatorship on the 25th April, 1974.

Comentários

Ana Santiago disse…
Parabéns a toda a equipa do jornal pelo excelente trabalho! Serão certamente excelentes profissionais amanhã! Continuem, estão no bom caminho!!!

Mensagens populares deste blogue

A Escola de Miragaia

Entrevista a Manuel Cruz

Reencontro de ex-alunos do “Liceu D. Manuel II”