“31 de Janeiro de 1891 - Gérmen da República”



por Célia Beatriz Vouga, Gracinda Paulino, Maria do Carmo Lopes, Maria Guilhermina Gama e Maria Helena Raposo

No ano da celebração do centenário da implantação da República Portuguesa, torna-se imperioso recordar a importância da cidade do Porto como centro nevrálgico de uma revolta republicana, ocorrida em 31 de Janeiro de 1891, que viria a tornar-se “gérmen da República”.
Relembrando o descontentamento provocado pelo “Ultimatum” inglês, que inflamou o espírito revolucionário e o entusiasmo patriótico dos portuenses, considerou-se oportuno promover uma actividade que reflectisse o envolvimento quer dos homens de letras da época, entre os quais se inclui Rodrigues de Freitas, quer da população civil.
Esta iniciativa, prevista no Plano Anual de Actividades do Agrupamento, foi concretizada no dia 28 de Janeiro de 2010, às 21h30m. na Biblioteca Jaime Cortesão e dinamizada pelas professoras Célia Beatriz Vouga, Gracinda Paulino, Maria do Carmo Lopes, Maria Guilhermina Gama e Maria Helena Raposo, docentes das áreas de História e Português do Ensino Nocturno.
Com base num trabalho de investigação de cariz histórico, procedeu-se a uma criteriosa análise e selecção da documentação disponível, tendo em vista a elaboração de um guião que permitisse a dramatização dos momentos mais marcantes de 31 de Janeiro de 1891.
A selecção dos excertos dramatizados pretendeu ilustrar a participação activa de homens de letras de então, tais como Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Oliveira Martins, Sampaio Bruno, Basílio Teles, Latino Coelho e João Chagas, bem como a importância da imprensa da época, aqueles e esta mentores da propagação dos ideais republicanos.
Pretendeu-se ainda destacar a dinâmica desta revolução, através da introdução de diálogos dos seus principais intervenientes e da participação espontânea e entusiástica da população civil da cidade do Porto.
A dramatização permitiu focalizar o acentuado
idealismo do movimento e o vincado patriotismo colectivo, que, aliados ao descontentamento generalizado, foram determinantes no anseio de mudança de regime político.
Finalmente, com a dramatização da detenção dos revoltosos, do subsequente julgamento e a inclusão de textos da autoria dos réus, visou-se a narrativa histórica e cronológica dos eventos até ao seu desenlace, bem como a análise das presumíveis causas do fracasso da intentona.A intenção de conferir autenticidade e realismo à reconstituição histórica traduziu-se ainda na utilização de peças de vestuário características do século XIX.
No fim da sessão, foi oferecido a cada espectador um folheto ilustrado com a imagem da bandeira do Centro Democrático Federal, hasteada no dia 31 de Janeiro de 1891 nos antigos Paços do Concelho. O prospecto incluía ainda a imagem da bandeira da República Portuguesa, a partitura do Hino Nacional, da autoria de Alfredo Keil, bem como a respectiva letra, da autoria de Henrique Lopes de Mendonça, na sua versão original, de 1890, e na versão alterada, de 1957.
Afigura-se-nos fundamental elogiar a disponibilidade e o entusiasmo manifestados pelos alunos do Ensino Recorrente Nocturno, que, apesar das suas obrigações profissionais e exiguidade de tempos livres, se prontificaram a participar e se empenharam totalmente nos ensaios realizados.
É de salientar a importância de que se reveste a realização de iniciativas desta natureza, fundamentais para a estruturação das competências dos discentes, optimizando a sua expressão oral e a auto-disciplina necessária à comunicação com uma plateia e preparando- -os para enfrentar situações idênticas na vida pessoal ou no processo de ensino-aprendizagem, nomeadamente ocasiões de exame ou defesa da Prova de Aptidão Tecnológica.
O elevado número de alunos participantes bem como os aplausos espontâneos da plateia confirmam-nos que os objectivos pretendidos foram plenamente atingidos.
Particularmente gratificante foi ter recebido os comentários elogiosos de muitos colegas que manifestaram a sua enorme satisfação por se terem sentido parte integrante de uma comunidade educativa capaz de dinamizar actividades culturais e pedagógicas de tal qualidade e dimensão e, paralelamente, reforçar o orgulho da identidade nacional.

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