Do sofá para as ruas!
texto de Sofia Alves e Hélder Marques; fotografia de Sofia Marisa (alunos do 12ºF)
mais fotografias da manifestação de 12 de Março no Porto em: https://picasaweb.google.com/etc.jornal
Já não é “à rasca”, é mesmo “à rasquinha”!
O título deixa bem claro, hoje pessoas de todo o país descobriram que ficar no sofá à espera que as soluções caiam do céu, não é a melhor das escolhas.
A baixa da cidade do Porto encheu-se de gente de todas as faixas etárias, de todas as religiões e etnias, crenças e ideais que puseram as diferenças de parte e juntos entoaram palavras, frases de força e desespero por um País com condições dignas e merecidas para um povo que tenta sobreviver em situações precárias e desesperantes. Vive-se na incerteza, numa angústia desmedida de não saber se amanhã ou depois, o ordenado vai continuar a cair numa conta de forma segura.
Nesta tarde de revolta pacífica, miúdos e graúdos mostraram solidariedade uns com os outros e juntos tentaram fazer-se ouvir, na esperança de que os cartazes com frases de pura desilusão dessem frutos perante os mandatários deste país.
Muitos que já sentiram as experiências que a geração actual traz na própria pele, ou na pele dos que lhes são mais próximos, todos sabem o que é viver literalmente “à rasca”.
Enganam-se os que acham que só alguns sentem esta queda aterradora do nosso País. A crise, as condições de saúde fantasiadas, um ensino insuficiente… todos fazem contas matemáticas de como é possível esticar ordenados mínimos e reformas ate ao fim do mês, os preços sobem os salários diminuem. “Mas afinal onde é que isto vai parar?!”
Numa altura em que se tenta incentivar jovens e já adultos a ter um gosto maior pelo estudo e pela aprendizagem, estes simplesmente sentem-se incapazes, devido a assistirem constantemente a um futuro que se apresenta em queda livre.
Como pudemos constatar na manifestação, também os mais jovens se sentem ameaçados contudo não se deixam calar e deixam bem claro que “não devemos ir por partidos, mas sim pelos nossos direitos”.
São muitos os licenciados de todas idades, alguns já com doutoramentos que afirmam estar quase numa situação de miséria. Isto não se deve literalmente há falta de ofertas no mercado de trabalho, tanto que neste assunto a frase de guerra foi: “O problema não é arranjar emprego é a insuficiência de condições com as quais nos deparamos, quando estamos empregados”. Foram estas algumas das opiniões que os manifestantes fizeram questão de dizer à reportagem do Jornal Etc....
Compareceram também, algumas pessoas já com uma idade avançada que fizeram questão de mostrar o seu apoio e, lutar juntamente com os elementos desta geração.
A faixa etária que mais se tentou fazer ouvir, foi aquela que exactamente há alguns anos atrás, estava nesta mesma situação. Com isto vieram provar que estão fartos de se sentirem menosprezados e pressionados por uma sociedade que aparentemente não se interessa.
Avós, filhos, pais, irmãos, primos, amigos, meros curiosos, famílias completas, mostraram aos governantes que este evento não foi uma brincadeira de “parvos”, mas sim um de muitos mais para se repetir. Afinal, um milhão e meio de precários não passam assim tão ao lado. Depois de gritos e cânticos de intervenção provaram que estão revoltados o suficiente para não darem descanso. Isto é só mais uma prova que somos uma “Geração à Rasca”!
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