Seja qual for o ranking, para mim o Rodrigues de Freitas está no topo
por Afonso Reis Cabral (antigo aluno da EBSRF)
Chegar ao Rodrigues de Freitas foi um esforço. Em 2005, o Porto parecia rejeitar os poucos alunos cuja vocação era Línguas e Literaturas. Quase todos os pais, e até as direcções das escolas, dissuadiam-nos de formar uma turma. Dizendo de maneira muito simples, combatia-se as humanidades: «Isso serve para quê?». Perante a pressão social, muitos desistiram e fugiram para outros agrupamentos, tornando ainda mais difícil juntar o número suficiente de alunos. Nesse ano, quase não houve turma de Línguas e Literaturas. Restaram pouco mais de vinte pessoas, e ainda sem local.
Batemos à porta de várias escolas. A Secundária Rodrigues de Freitas foi a única que nos acolheu. Vivia-se ali o ambiente dos antigos liceus: as tábuas rangiam à passagem, os estrados dos professores vergavam, as salas, grandes e nada aquecidas, obrigavam-nos a levar aquecedor no Inverno.
No entanto, o desconforto, agora alterado pelas obras da Parque Escolar, passava-nos ao lado. A dedicação dos professores compensava. Diria melhor «das professoras», já que estas eram a grande maioria. Acolheram o nosso grupo de refugiados e demonstraram durante três anos o que é a entrega ao ensino e aos alunos. Muitas perto da reforma, mantinham um gosto por ensinar, pela matéria, e até por nós, que saltava à vista. Cativava-nos. Fomos ao século XIX nas páginas de vários escritores, percorremos poemas de autores contemporâneos, visitámos a Roma Imperial e a Grécia Antiga (eu até viajei à Grécia actual), tudo por causa delas.
Seja qual for o ranking, para mim o Rodrigues de Freitas está no topo.
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