Encontros com o sagrado
por António de Montelongo Há tempos, no Porto, ao sair da missa vespertina de um sábado húmido e frio de Dezembro dei, juntamente com a família, com um sem-abrigo deitado no chão à porta de uma instituição bancária. Irónico: dei … ao sair da missa … à porta de uma instituição bancária. Muitas vezes me vêm à mente palavras que dizem serem de Cristo: “Tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber…”. E se nós, que frequentamos as práticas religiosas, que nos dizemos crentes, verdadeiramente acreditássemos nestas palavras, como seria a nossa vida? Enfim…. Não é muito difícil levar umas sandes, fruta e uma bebida, descer a rua e dá-la, mais ou menos apressadamente, ao Sem-Abrigo que pernoita à porta da C.G.D., na Praça Exército Libertador. Difícil é acreditar no sentido das palavras e ser na acção coerente com aquilo em que se diz acreditar. Não, não é grande sacrifício ir, mesmo que diariamente, com algo ao encontro do Sem-Abrigo; sacrifício é ir semanalmente à missa e ouvi...