O Porto d'Abrigo do Zoomarine

por Joana Bencatel (aluna do 9ºB)

O ZooMarine, um lar para variadíssimas espécies de animais marinhos, é um dos Parques Oceanográficos de Entretenimento Educativo e situa-se em Albufeira.
Este parque temático criado no coração do Algarve, foi inaugurado a 3 de Agosto de 1991.
Os principais valores e actividades do ZooMarine são educar, desenvolver e divertir toda a comunidade para que a mesma compreenda, se consciencialize e participe na preservação da vida marinha. Da mesma forma, também tem como objectivo investigar, preservar e conhecer a fauna e a flora marinhas e transmitir esses conhecimentos a todos os que passam por lá.
Um dos mais importantes projectos desta instituição tem o nome de Porto d'Abrigo. Este projecto consiste na recolha de animais marinhos, selvagens, em mau estado ou simplesmente desorientados que, depois de receberem os cuidados necessários, são devolvidos ao seu habitat natural.
Para sabermos mais sobre este projecto falamos com os responsáveis pelo mesmo, na entrevista apresentada neste artigo.

ETC: Quando e como é que o projecto "Porto d'Abrigo" começou?
Zoomarine: O Porto d'Abrigo do Zoomarine nasceu no Outono de 2002, no seguimento de um compromisso ético do Zoomarine em ajudar os mamíferos marinhos (golfinhos, focas, pequenas baleias, lontras-europeias, etc) que dão à costa, estejam eles feridos, debilitados, perdidos e/ou doentes. No entanto, já desde 1988 que a equipa do Zoomarine (ainda antes do parque abrir, em 1991) prestava este tipo apoio a tais espécies arrojadas - apenas não o fazia numa áreas especialmente dedicada para tal. Desde então, além dos mamíferos marinhos, começam a ser ajudados também répteis (tartarugas marinhas e cágados endémicos)

ETC: Em que consiste este projecto?
Z: O Porto d'Abrigo do Zoomarine é, fundamentalmente, um serviço de urgência zoológica para espécimes selvagens. Este centro de reabilitação consiste num complexo de 6 piscinas, de diferentes tamanhos e volumetrias, que funcionam num regime de quarentena permanente, 24/24 horas/dia, 365 dias/ano. Associado a estes espaços está uma enfermaria, uma cozinha especializada e um escritório, assim como uma zona de pequenos tanques para reabilitação de cágados endémicos. Finalmente, e adjacente a estes espaços, está um sistema de filtração, desinfecção e controle térmico da água.
Como é que tomam conhecimento dos animais que resgatam?
Há várias formas. Poderá ser através do número de emergência nacional para este tipo de eventos (968 849 101), através das Capitanias, da Polícia Marítima, do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) ou através dos populares. No entanto, alguns do espécimes são-nos entregues directamente pelas autoridades, no caso de serem confiscados (aeroportos, lojas, casas de particulares, etc).

ETC: Todos os animais que resgatam são devolvidos à natureza depois de serem reabilitados?
Z: Praticamente todos o são, quer seja em Portugal, Reino Unido, Holanda ou Cabo Verde, consoante a espécie. Apenas não regressam à natureza os que não resistem aos ferimentos, às doenças ou à velhice que motivaram o seu internamente ou aqueles que, devido à sua condição clínica (cegueira total ou parcial, incapacidade de nadar ou caminhar, dependentes de medicação permanente, etc) não têm capacidade para uma vida autónoma, sozinha, no selvagem. Nesse caso, o ICNB, por recomendação do Zoomarine, escolhe um espaço de acolhimento permanente (que nunca é o Zoomarine, por questões éticas).

ETC: Os técnicos, veterinários e biólogos participantes na recuperação do animal são todos funcionários do Zoomarine ou também vêm de fora?
Z: Os técnicos, sejam eles biólogos marinhos, médicos veterinários, enfermeiros veterinários, técnicos de qualidade de água, técnicos de nutrição, etc, são todos profissionais afectos ao Zoomarine e especializados nas suas funções. Apenas em situação excepcionais, de absoluta emergência, poderá ser integrada a ajuda de voluntários - no entanto, os voluntário não são responsáveis pelo processo de reabilitação, pelo que ajudam nas tarefas não especializadas.

ETC: Normalmente, há uma grande aproximação entre os tratadores e os animais em reabilitação?
Z: Não pode haver. É fundamental que os espécimes em reabilitação não percam o medo dos humanos, de modo a que, quando regressarem ao selvagem, continuem a expressar um comportamento típico da espécie. Assim sendo, é regra base garantir que não há contactos desnecessários e/ou positivos entre reabilitadores e reabilitados. O respeito e o carinho dos técnicos de reabilitação é enorme para com os espécimes de que cuidam, como seria de imaginar, mas tais emoções não podem ser expressas e o contacto não deve permitir que os espécimes criem laços com os humanos ou que lhes percam o medo.

ETC: Quais são as parcerias mais importantes neste projecto?
Z: O Zoomarine recebe autorização oficial do ICNB para manusear, reabilitar e devolver ao selvagem os espécimes em questão.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Escola de Miragaia

Entrevista a Manuel Cruz