Xadrez: Ponto de ordem à mesa


por Augusto Ferreira

No último número do “Etc…” ficamos a saber o modo como o xadrez apareceu na nossa escola: um tanto por “geração espontânea”de início, alicerçado, depois, com algumas acções elementares visando a sua sustentabilidade e eventual desenvolvimento. Demos também conta, de forma sumária, do grau de complexidade que caracteriza este jogo, bem como da sua importância como ferramenta de ensino, particularmente, de Matemática.
Devido às obras na escola, os cinco tabuleiros e respectivas peças saltaram da Biblioteca para a denominada “Sala de Recursos” onde os alunos (e são já muitos) e demais interessados, por sua livre, espontânea e “desorganizada” vontade continuam a jogar ao sabor de “xeques”, vitórias e derrotas contraditórias e inconsequentes.
Talvez daqui não venha nenhum mal ao mundo. Importa, porém, ordenar ideias, sustentar conceitos e introduzir culturas capazes de tornar, de facto, o xadrez numa modalidade aliciante, enriquecedora e bela.
Esperamos iniciar a concretização de alguns destes objectivos, de forma “silenciosa” e organizada, com a passagem, novamente para a Biblioteca, do material existente (e de outro que eventualmente se tenha que adquirir).
Os dados obtidos da “experiência adquirida”ao longo destes meses sugerem-nos, desde já, alguns “pontos de ordem” especialmente dirigidos a ti, aluno, que já conheces o jogo, já sabes movimentar as peças, sabes dar “xeque mate” e pensas que sabes muito porque já ganhaste uma partida ao teu colega:
- O xadrez é um jogo que, por ser complexo, exige muito estudo, muita concentração e muita prática. É uma arte que expressa a beleza da lógica, a procura sistemática do mais simples e racional dentro de tamanha complexidade;
- Uma partida divide-se em três fases: abertura, meio jogo e final. Cada uma delas requer conhecimentos sólidos (especialmente a abertura e o final) assentes em “teorias” analisadas em livros e diversas publicações;
- É verdade que é um jogo feito de erros. Tal como afirmou um dia o célebre Anatoly Karpov (o russo dez anos consecutivos campeão mundial), por regra vence uma partida quem comete o penúltimo erro, já que o último causa a derrota;
- Numa fase inicial, a formação aprender, aprender, aprender é muito mais importante que a competição ganhar, empatar, perder.
- O xadrez é um desporto que, como qualquer outra modalidade, deve obrigar os seus praticantes a uma determinada ética e cultura: a nobreza e a dignidade de um jogador evidenciam-se muito mais no saber perder do que no saber ganhar.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Escola de Miragaia

Entrevista a Manuel Cruz