Les Artistes no Balleteatro


por Filipe Romariz (aluno do 12ºF)

Numa sexta-feira à tarde, qualquer oportunidade de faltar às últimas aulas da semana é bem vinda e uma ida ao teatro é sempre uma forma cómoda de o fazer e obviamente, tem estilo.
No entanto, aquela que parecia ser uma simples tarde de céu encoberto, na qual se falta às aulas para se assistir a uma comédia banal, tornou-se em algo que eu não esperava.
Logo à entrada do Balleteatro, junto ao Jardim de Arca d'Água, eu sentia um cheiro diferente, uma aragem de algo arriscado e novo. E assim, no auditório soaram as primeiras palavras dos jovens actores que, por um lado revestidas pelas supostas personagens que encarnavam, fluíam naturalmente, como se do interior deles próprios tivessem saído.
Muito se passou naquele palco, começando no espírito "faz tu mesmo", passando pela liberdade, nudez e crueza dos diálogos, nas encenações musicais e chegando a controversas conclusões, ou não chegando a conclusão nenhuma. Eu penso que o objectivo desta encenação foi mesmo este, o objectivo de falar, falar, ouvir e ouvir, no formato de entrevista, sem preconceitos e esmagando com todas as manias e até medos no que diz respeito à maneira como nos exprimimos e à maneira como encaramos a nossa própria personalidade.
No fundo, foi uma peça que visou clarificar o conceito de artista que, precisamente por ser um conceito quase impossível de clarificar cedeu à peça um grande interesse e originalidade por parte do director Pedro Penim e dos vários actores que tão intensamente deram a cara e a voz a esta.
Foi uma peça bastante importante para mim, não pelo facto de ter assistido a uma obra primorosa e organizada, mas sim pela agitação que toda a indumentária e envolvência da peça causaram na minha cabeça. Não saí do Balleteatro esclarecido, nem com as ideias em ordem, mas sim renovado, agitado, confiante e ciente de que tenho uma vida inteira à frente para explorar da maneira que eu achar melhor e dar-lhe a direcção que eu entender sem me deixar levar pelo "status quo". Queria agradecer ao professores pela oportunidade, e foi assim... apenas uma sexta-feira sem aulas à tarde...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Escola de Miragaia

Entrevista a Manuel Cruz