O Calendário


por Gonçalo Machado (aluno do 12ºF)

Dentro da minha consciência existe uma porta,
A porta para o meu mundo.
Aqui está um calendário do ano passado
Pendurado na parede,
Onde estão guardadas as minhas memórias.
Ponho a mão na maçaneta, abro a porta,
A madeira estala, as dobradiças chiam.
Entro e olho em meu redor.
Aproximo-me do calendário e
À medida que agarro a folha,
Velhos fantasmas do passado
Começam a mistificar à minha volta.
Trata-se duma nuvem negra,
A sair directamente
Das profundezas do meu coração.
Toda a escuridão começa a tomar forma.
Está na hora de dizer não!
Vou expulsar-vos duma vez!
A escuridão foge pela janela
Mas, determinado, corro atrás.
Assim que a alcanço,
Agarro-a pelo colarinho e digo:
Não me vais vencer!!
Com o meu punho trespasso aquele fumo negro
E aperto firmemente a minha mão
Desejando que desapareça
Com toda a força do meu ser.
Por fim, uma luz começa a irradiar
Do meu punho fechado.
A escuridão começa a desvanecer
E dou por mim numa colina
Ao pé duma árvore enorme e verdejante.
O sol brilha com tanta intensidade
Que me custa abrir os olhos.
Aos poucos vou-me apercebendo duma silhueta familiar
Que corre na minha direcção.
Finalmente ela chegou.

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